Logo na saída da estação de metrô da Praça do Povo, em Xangai, “Jack” se apresenta. Bem-vestido, falando bom inglês, ele é um na multidão de pessoas que abordam turistas na agitada Nanjing Road, oferecendo “shopping” ou “massage”. A cada 20 passos há garotas que te pegam pelo braço, senhores que distribuem santinhos… E há agenciadores simpáticos. Como “Jack”. Digo que não estou interessado em nada, mas ele propõe uma conversa “sem compromisso” ao longo do caminho que leva ao Bund. No percurso, me explica com franqueza seu trabalho, me pergunta coisas do Brasil, faz que chuta uma bola (“Qual é o nome daquele cara com topete? Isso, Neymar!”), elogia meu inglês, diz que pareço bem mais jovem… Mas, óbvio, não está a lazer. “Por que não quer massage? Tem mulher em São Paulo?” Alguns metros adiante, arrisca: “Você é gay?” Ri, pede desculpas, just talking… “E shopping?” Como qualquer vendedor chinês, “Jack” não desiste facilmente.