Anos antes de ficar famoso com O Império dos Sentidos (1976) e Furyo (1983), Nagisa Oshima labutou em filmes menos polêmicos e com menos estrelas no elenco. Lançado em 1969, este Diário de um Ladrão de Shinjuku tem aquela esquisitice erótico-intelectual-de esquerda comum no cinema japonês da época. Essas são, por exemplo, características dos filmes do seu amigo Koji Wakamatsu, cujo Secrets Behind the Wall (1965) já apareceu por aqui. (Os dois diretores, por coincidência, morreram recentemente e em datas muito próximas: Wakamatsu em outubro de 2012, Oshima três meses depois)
Não é um filme fácil. O título evoca, óbvio, Diário de um Ladrão, de Jean Genet. É o francês quem abre o coro noturno de escritores na livraria onde um rapaz gosta de afanar livros – e onde ele conhece a garota de lábios bonitos da cena acima. A loja que serve de cenário, aliás, existe: é a Kinokuniya, uma megastore japonesa que acabaria espalhando filiais pelo mundo. O fundador dela, Moichi Tanabe, interpreta a si mesmo no filme. Até que ele passava bem como ator.