À parte uma pequena edição, começa assim Luz Antiga, de John Banville (Biblioteca Azul/Globo, 336 págs., R$ 39,90), na tradução de Sergio Flaksman. Essas coisas são sempre promissoras…
Billy Gray era o meu melhor amigo, e me apaixonei pela mãe dele. Talvez dizer que me apaixonei seja forte demais, mas não conheço palavra mais fraca que se aplique. Tudo aconteceu meio século atrás. Eu tinha quinze anos, e a sra Gray, trinta e cinco. Essas coisas são fáceis de dizer, já que as palavras em si não sentem vergonha nem podem ser surpreendidas. Talvez ela ainda esteja viva. Teria, o quê, uns oitenta e três, oitenta e quatro anos? Hoje em dia, nem é mais uma idade tão avançada. (…) Será que eu reconheceria Billy, se o encontrasse? E ele, me reconheceria? Billy ficou tão alterado com o escândalo (…) ver-se obrigado a contemplar o fato de sua mãe ser uma mulher que alguém desejava, e ainda por cima esse alguém ser eu. Sim, deve ter sido a mais profunda agonia para ele imaginar sua mãe e eu rolando nus nos braços um do outro naquele colchão imundo do chão do casebre de Cotter. É provável que ele nunca tenha visto sua mãe sem roupa, não que se lembrasse, é claro.