Comecinho de Gente Independente (Globo, 680 págs., R$ 65), romance de 1934-35 do islandês Halldór Laxness, Prêmio Nobel de Literatura em 1955:
Nos primeiros tempos, dizem as crônicas islandesas, homens das ilhas ocidentais vieram morar neste país e, quando se foram, aqui deixaram cruzes, sinos e outros objetos usados na prática de feitiçaria. Graças a fontes latinas podem-se saber os nomes dos que navegaram para cá vindo das ilhas ocidentais nos primeiros tempos do papado. Seu líder era Kólumkilli, o irlandês, feiticeiro de grande reputação. Naquele tempo, o solo islandês era muito fértil. Mas, quando os nórdicos vieram se estabelecer aqui, os feiticeiros ocidentais foram obrigado a fugir do país, e textos antigos afirmam que Kólumkilli, decidindo vingar-ser, lançou uma maldição sobre os invasores, jurando que estes jamais prosperariam aqui, além de outras coisas no mesmo espírito que que depois, segundo todas as indicações, em sua maioria, se têm cumprido. (…) As crônicas relatam como nessa época foi construído uma igreja para Kólumkilli no vale onde mais tarde se ergueu o edifício Albogastadhir da Charneca. O prédio, nos velhos tempos, havia sido residência de um chefe de clã. Muitas informações relativas a esse vale pantanoso foram coligidas pelo xerife Jón Reykdalín de Raudhsmyri depois que o prédio foi destruído pela última vez nas grandes aparições fantasmagóricas de 1750. O próprio xerife viu e ouviu os vários acontecimentos sobrenaturais ali ocorridos (…). A cantilena em voz alta do fantasma no prédio foi ouvida desde meados de Thorri até bem depois de Pentecostes, quando as pessoas fugiram; por duas vezes ele declinou seu nome no ouvido do xerife, mas respondia a todas as outras perguntas feitos pelo xerife com ‘versos latinos odiosos e obscenidades desavergonhadas’.