Está chegando às livrarias O Pai dos Burros – Dicionário de Lugares-comuns e Frases Feitas, de Humberto Werneck (Arquipélago Editorial, 216 págs., R$ 29). O título já traz um exemplo do conteúdo, que reúne frases colecionadas pelo autor ao longo de quatro décadas de jornalismo. Como se fosse, diz Humberto na introdução, “antiborboletas”: coisas que um dia foram lindas, mas que, de tanto usadas e desgastadas, regrediram à condição de lagartas.
Em uma olhada rápida, pesquei dez dessas pragas que assolam o jornalismo cultural. Algumas, devo confessar, eu mesmo já usei. De outras nem passei perto:
- Arquitetura arrojada
- Crítica contundente
- Não poupar críticas
- Desfecho trágico
- Efervescência cultural
- Esbanjar talento
- Era de ouro
- Sonora vaia
- A plateia vir abaixo
- Levar a plateia ao delírio
Não é fácil, certo, mas pode-se achar algum consolo quando se vê o que acontece em outros lugares. No jornalismo esportivo, por exemplo. No ludopédio estão as melhores lagartas, e algumas coisas são tão idiotas que ficam engraçadas. Depois de alguma indecisão entre tantas opções, cheguei a essas dez:
- Balançar a roseira
- Imprimir velocidade ao ataque
- Jogar no sacrifício
- Soltar um canudo
- Drible desconcertante
- Arrancar um empate
- Futebol é bola na rede
- O jogo só acaba quando termina
- O juiz ergue os braços
- Tem dias em que nada dá certo