Em 1949, a MGM, Stanley Donen e Gene Kelly fazem a primeira grande obra para o cinema explorando o imaginário da união casual e da liberdade daquele beijo em Times Square: Um Dia em Nova York (In the Town). No enredo básico, a semelhança é evidente: três marinheiros em busca de suas “enfermeiras” na cidade. Não sou muito fã de musicais, mas como negar o encanto do número acima, com a antropóloga vivida por Ann Miller fazendo seu número no museu ao lado dos marinheiros da vez? Para Berman, tanto a foto de Eisenstaedt como o filme podem ser compreendido como um sinal dos tempos de amor livre e liberação sexual que viriam. Para isso, usa seu própria experiência, antecipando um pouco do que virá — na história americana e no livro:
“Quando vi pela primeira vez esse filme, aos dez anos, eu o considerei uma antevisão da vida sexual adulta, e mal podia esperar para crescer. Quando o vi de novo aos trinta, em meio à Guerra do Vietnã, eu o senti mais como Liz Phair — ‘O amor livre é uma grande mentira’; e eu me perguntava que droga eles tinha tomado para que combinassem tão bem. Vendo-os aos sessenta anos sinto todas as diferente tonalidades que [o filme] mistura com tanta perfeição: os brancos dos marinheiros, as cores deliciosas das mulheres, a carne humana, a pedra, a grama e o céu da cidade; a ponte do Brooklyn como uma lingerie coletiva que torna o porto de Nova York e as pessoas mais radiantes do que nunca, ao serem vistos por entre as faixas de arame.”