Continuando do post anterior, como prometido. Agora é a vez de Spinoza, e a sequência explorada por Pourriol é o final de X-Men, com Magneto confinado à prisão de plástico. Se a ideia não fica tão evidente como na relação Descartes/Os Imperdoáveis, a culpa não é tanto do autor, mas da complexidade dos conceitos spinozianos de 1) Potência 2) Corpo 3) Afetos (paixões). Começando a entender esses três pontos, o leitor pode ter uma boa ideia do que vai escrito na Ética de Spinoza. Diz Pourriol:
“[Na prisão,] Magneto não é nem modificado nem morto, fica simplesmente separado de sua potência. […] Após o confronto físico, chega o momento da conversa. De maneira surpreendente [sic], o professor Charles Xavier faz uma visita [a Magneto]. Juntos, jogam xadrez. Fazem em pequena escala o que acabam de fazer em grande escala: esse problema da relação com os seres, de se compor com eles ou evitar aqueles que podem nos decompor, não é exatamente o que fazemos quando jogamos xadrez? Tentamos desenvolver nossa potência sem sermos decompostos pela potência adversária e de maneira a decompô-la.”
É mais ou menos o seguinte: os homens dispõem de uma potência (finita), e ela pode ser reafirmada ou decomposta na maneira como uns (corpos) afetam os outros. No choque de um corpo com outro, é paixão (afeto) contra paixão.