O que se segue é uma fantasia sobre o que poderiam estar lendo os agressores da estudante Geisy Arruda, da Uniban. Uma fantasia absurda, claro, porque é óbvio que nenhum deles lê qualquer coisa que preste. Mas se, por algum remoto acaso isso acontecesse, leriam imitando as narrativas, como fazem os primitivos. Mais ou menos dessa maneira.
OS COLEGAS HOMENS
“‘Calcinhas! Calcinhas! Calcinhas’” A palavra, ainda tão inflamatória para eles como estudantes universitários quanto havia sido no começo da puberdade, era entoada lá embaixo num coro exultante. Nos quartos das garotas, dezenas de rapazes bêbados — com as roupas, as mãos, os cabelos à escovinha e os rostos cobertos de sangue rubro e tinta azul-escura, pingando cerveja (…) De todos os invasores, apenas os três mais idiotas (…) se masturbaram utilizando as calcinhas roubadas e ejacularam em poucos segundos, atirando depois as peças defloradas, úmidas e cheirando a esperma para os braços erguidos dos alegres veteranos que, com os rostos afogueados e neve no topo da cabeça, expeliam vapor como dragões e os incitavam lá de baixo.” O chamado “Grande Ataque às Calcinhas Brancas da Universidade de Winesburg”, descrito em Indignação, de Philip Roth (Companhia das Letras, 176 págs., R$ 36)
AS COLEGAS MULHERES
“Assim que foi reconhecida, correram cochichos entre as mulheres direitas, e as expressões ‘prostituta’ e ‘vergonha pública’ foram sussurradas tão alto que ela levantou a cabeça. Então passeou por sobre os vizinhos um olhar tão provocador e intrépido que imediatamente um grande silêncio se instalou, e todo mundo baixou os olhos, à exceção de Loiseau, que a espreitava com ar animado. Mas em seguida a conversa foi restabelecida entre aquelas três mulheres que a presença da outra fizera subitamente amigas, quase íntimas. Elas deviam formar, parecia-lhes, como que uma liga de suas dignidades de esposas diante daquela vendida sem-vergonha; porque o amor legal sempre desdenha seu colega libertino.” Trecho de Bola de Sebo, de Guy de Maupassant, publicado em 125 Contos de Guy de Maupassant (Companhia das Letras, 824 págs., R$ 55)
OS HOMENS E AS MULHERES DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO
“Mas o pior aconteceu quando encontraram um galo preto com a moça, preta e belíssima como um gato da mesma cor, e a chamaram de bruxa e pseudo-apóstolo de modo que todos se jogassem em cima dela para puni-la. O Batista a decapitou, Abel a degolou, Adão a enxotou, Nabucodonosor escreveu-lhe com a mão em brasa signos zodiacais no seio, Elias a raptou num carro de fogo, Noé mergulhou-a na água , Lot a transformou numa estátua de sal, Suzana a acusou de luxúria, José a traiu com outra, Ananias a fincou numa fornalha, Sansão acorrentou-a, Paulo flagelou-a, Pedro crucificou-a de cabeça para baixo, Estevão lapidou-a, Lourenço tostou-a na grelha, Bartolomeu esfolou-a, Judas denunciou-a, o despenseiro queimou-a, e Pedro negava tudo.” Sonho de Adso ao escutar o Dies irae na igreja da abadia de O Nome da Rosa, de Umberto Eco (Record, 546 págs., R$ 59,90)
Se os agressores da Uniban lessem algo que prestasse, poderiam estar lendo (e imitando) esses livros http://shar.es/aky3a
Boa '@almirdefreitas Se os agressores da Uniban lessem algo que prestasse, poderiam estar lendo esses livros http://shar.es/aky3a
RT @rbressane Boa @almirdefreitas Se os agressores da Uniban lessem algo queprestasse,poderiam estar lendo esses livros http://shar.es/aky3a
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ADOREI! "Uma fantasia absurda, claro, porque é óbvio que nenhum deles lê qualquer coisa que preste" http://bit.ly/32XhBC (via @megacombo)
RT @ginolas "Uma fantasia absurda, claro, porque é óbvio q nenhum deles lê qualquer coisa que preste" http://bit.ly/32XhBC (via @megacombo)
"Uma fantasia absurda, claro, porque é óbvio que nenhum deles lê qualquer coisa que preste" . No blog do Almir: http://bit.ly/2lTUZP
@almirdefreitas Se os agressores da Uniban lessem algo que prestasse, poderiam estar lendo (e imitando) esses livros http://shar.es/aky3a
Fragmentos de leituras da #Unibam : http://bit.ly/32XhBC
só agora li. muito sagaz. 🙂