Usando uma data para, mais uma vez, fazer jus ao nome do blog — mas só de faz de conta, porque o abril cruel de T.S. Eliot corresponde mais ou menos ao nosso outubro — o mês que “aviva agônicas raízes com a chuva da primavera” por estas latitudes. O vídeo acima é do artista espanhol Manuel Saiz, usando a gravação feita pelo próprio T.S. Eliot de O Enterro dos Mortos, parte 1 de A Terra Desolada. Abaixo, o comecinho do poema na tradução de Ivan Junqueira (Poesia, Nova Fronteira, 332 págs., R$ 32,90).
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da Primavera.
O Inverno agasalhava-nos, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O Verão surpreendeu-nos, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aléias do Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Bin gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
O meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o Inverno. (…)
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Eu adorei isso, Almir.
Adorei!
Paixão pelos versos do Eliot.
Bissous! .)
Obrigado, NIna. Volte sempre. bj