Embora não faltem livrarias nos aeroportos, há bem mais note e netbooks nas mãos dos passageiros nas salas de espera do que livros. Entre Congonhas – Santos Dumont – Congonhas vi na última semana apenas quatro leitores solitários. Um deles, homem de dia útil em paletó riscado de giz, folheava um portátil As Leis Universais do Sucesso, de um tal de Brian Tracy (Sextante, 112 págs., R$ 9,90), título que dispensaria comentários se eu não imaginasse na hora esse volume sendo localizado nos destroços de um avião.
Adiante, uma mulher, meio senhora, carregava fechado Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, de Stieg Larsson (Companhia das Letras, 688 págs., R$ 42,50). Outra, já numa sala diferente, estava pela metade do também ultra bem-sucedido A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafon (Suma de Letras, 464 págs., R$ 42,90). As coisas aí já melhoravam. Por último, outra mulher – desta vez, uma garota jovem, tatuada, de cara séria. Na mão, Música para Camaleões, de Truman Capote (Companhia das Letras, 312 págs., R$ 49,50).
E foi só. Se essa amostragem fosse suficiente para demonstrar alguma coisa, poderíamos concluir que 1) mulheres leem mais que os homens 2) mulheres gastam mais com livros que os homens 3) mulheres leem livros melhores que os homens. Ou, então 4) homens gastam mais tempo com irrelevâncias do que as mulheres – coisa para a qual esse post, aliás, poderia ser utilizado como prova adicional.