O trecho abaixo é do livro Longe da Árvore – Pais, Filhos e a Busca da Identidade, de Andrew Solomon (Companhia das Letras, 1056 págs., R$ 79,50 na edição impressa, R$ 39,90 em e-book), mesmo autor do fabuloso O Demônio do Meio-Dia – Uma Anatomia da Depressão (Objetiva, 504 págs., R$ 67,90). No capítulo do livro dedicado aos filhos prodígios, trata principalmente das crianças com talentos musicais – e os eventuais problemas que podem surgir daí. Não tem nada a ver, mas lembrei desse vídeo de estética meio brega que exibe numa fita de Möbius (mundo, vasto mundo…) a genialidade do “crab canon” de Bach. O que tem de comum aí, claro, é a música, a genialidade e a minha quase absoluta ignorância nesse mundo.
Para quem tem o ouvido absoluto, a identidade exata das notas é inconfundível. Um pesquisador mencionou uma mulher que tocou a escala do piano para a filha de três anos, dizendo o nome das notas; uma semana depois, o alarme do forno tocou e a menina perguntou: “O micro-ondas sempre canta em fá?”. Outra criança se queixava quando um de seus brinquedos, com a bateria fraca, tocava um quarto de tom mais baixo. (…) Um casal me contou que seu filho era capaz de identificar mais de cinquenta peças musicais aos dois anos de idade. Gritava “Mahler Quinta!” ou “Quinteto de Brahms!” Aos cinco anos, foi diagnosticado com autismo limítrofe.