Palavras de amor, hoje

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Faz algumas semanas, comentei aqui o lançamento do livro Para Sempre – 50 Cartas de Amor de Todos os Tempos, uma reunião cartas de amor escritas por 24 personalidades ao longo da história. Agora, chega à livrarias a coletânea Carta para Você, organizada por Joshua Knelman e Rosalind Porter (Alfaguara, 271 págs., R$ 39,90). O livro traz correspondências boladas por escritores contemporâneos — muita gente da Granta, a revista, mas tem brasileiros também nessa edição.

Não são cartinhas – são contos “epistolares”, digamos assim. Nem possuem aquele atrativo de revelar um lado meio bobão de notáveis. Mas têm sua graça:

“Cá ainda vê-se a mancha negra de tal miserável despedida nitidamente impressa na calça cáqui que me acompanha há seis primaveras. Não mandei à lavanderia para guardar como prova material do crime – é uma mania, digamos assim, excêntrica, de construir um particularíssimo museu dos pés-na-bunda.” (Xico Sá)

Tem ainda coisas assim, mais heterodoxas:

“Sinto muito, mas tenho que dizer isto. Vocês devem ter percebido que os ouvi à noite. Fi, os ruídos lindos que você faz. Desculpem, talvez vocês tenham pensado que eu estivesse dormindo. Mas as paredes eram tão finas – Tobe, você disse isso. E Tobe, você muge como um touro.” (Anônimo)

Ou assim, mais engenhosas:

“Portanto, a bem da verdade: além de ser uma carta endereçada não a uma, mas a várias ex, é também uma carta de várias versões do meu eu anterior, algumas delas também ex. Como tal, foi escrita tanto na época quanto agora, e em várias fases nesse intervalo. Seu tempo verbal, se é que tem algum, é o presente retrospectivo.” (Geoff Dyer)

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