No livro A Biblioteca Esquecida de Hitler (Companhia das Letras, 328 págs., R$ 46), lançado há pouco, o historiador Timothy W. Ryback mostra que Adolf Hitler era (não bastasse o principal) semianalfabeto. Todo mundo sabia que era péssimo pintor e mau escritor, mas – para mim, ao menos – a informação de que cometia erros grosseiros ao escrever é surpreendente. Ao analisar fragmentos de textos inéditos do ditador, Ryback escreve:
“Aos 35 anos, Hitler nem sequer dominava a ortografia básica. Ele escreve ‘es gibt’ – “existe” – foneticamente, em vez de gramaticalmente, como ‘es giebt’, e a palavra alemã para prisão, Gefängnis, com dois esses, o equivalente a escrever ‘prizão’.” Depois, nos esboços de Mein Kampf, erra ‘a grafia de mais elevado – hohre em vez de höhere’”.
Sobre Mein Kampf, aliás, Ryback conta que a edição foi dificílima. Sete companheiros aliados de Hitler tiveram de trabalhar o texto bruto, cheio dos “piores adjetivos” e “excesso de superlativos”. Sendo quem era, pode-se imaginar o tamanho da resistência do autor em aceitar mudanças.
Um desses “editores” foi Rudolf Hess – aquele mesmo que em 1941 entrou sozinho em um avião, voou para a Grã-Bretanha e pulou de paraquedas sobre a Escócia para tentar negociar um acordo maluco de paz com o Duque de Hamilton. Acabou “prezo” na Torre de Londres e chamado de doido por Hitler.
(em tempo: uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas aproveitei o post para colocar no blog um trecho de Hitler no Leblon, de Allan Sieber)