Prometi tentar fugir do óbvio na série de clipes de filmes bacanas, mas não tenho – nestes “tempos interessantes” – como evitar O Sétimo Selo (1956), de Ingmar Bergman, cheio das passagens incríveis. Uma delas, das minhas preferidas, vai acima. Gosto de tudo: da performance dos saltimbancos; do bufão se dando bem com a mulher do ferreiro com uma trilha sonora carnavalesco-areopagita; e, claro, da impressionante recriação de uma procissão de flagelanti ao som de Deus Irae. O impacto fica ainda maior quando, tão diferentes, essas cenas são apresentados em sequência, condensadas em pouco mais de seis minutos. No todo, uma amostra daquilo que Umberto Eco, num texto chamado A Nova Idade Média, evocava para justificar a razão de uma antiga maldição chinesa e sua aplicação ao mundo medieval: “Que você possa viver numa época interessante”. Com toda a ambiguidade que isso tem.
Aqui, a íntegra do filme com legendas em português.