Na casa de chá em Xian, nem uma palavra sequer em inglês. Nada para ajudar a diferenciar as caixas de chá-verde idênticas mas com preços diferentes. Compro a mais barata, observado por uma senhora elegante, vestindo uma longa echarpe. A dona? Ela sorri e me convida com um gesto para subir a escadinha que leva ao andar superior. Lá, ninguém. E ela começa a falar… em mandarim. Explica algo, me mostra uma mesa cercada de sofás; uma pintura com temas chineses; uma cristaleira com um grande vaso de porcelana… Há fotos de plantações de chá-verde nas paredes. A suposição razoável é que ela esteja falando da empresa que produz a mercadoria que acabei de comprar. Que eu devia ter levado o mais caro? Vai saber. Numa sala à parte, ela vai até uma mesa que guarda uma grande folha de caligrafia. Protegendo a echarpe, ela segura firme o pincel com tinta negra e exibe a arte de desenhar ideogramas. Duas linhas. No fim, se curva e me dispensa com um “Xie xie, thank you”. Mais tarde, fico sabendo que ali dizia algo que, imperfeitamente, podia ser traduzido como “Deus ajuda quem trabalha duro./Cultura e profunda tradição em harmonia”. Vai saber.