Livros que matam

No recém-lançado Substâncias Perigosas (Casa da Palavra, 216 págs., R$ 34,90), o português Pedro Eiras apresenta “100 breves lições em que se explica por que meios os livros matam os seus leitores”. A ideia é tentadora: eu me lembro de como, lá no começo dos anos 80, fiquei fascinado com aquele exemplar da perdida Comédia, de Aristóteles, cujas páginas envenenadas matavam os monges em O Nome da Rosa. Ao longo das suas 100 lições poético-ensaísticas, Eiras passa pelo mais famoso caso de mortes provocadas por um livro – a onda de suicídios que se seguiu a Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774), de Goethe, cujo protagonista se mata ao não ser correspondido pela amada. Eiras cita um trecho de História do Suicídio, de Georges Minois:

“Em 1777, o jovem sueco Karstens suicida-se com um tiro de pistola e um exemplar do Werther aberto ao seu lado; no ano seguinte, Christiane von Lassberg, julgando-se abandonada por aquele que ama, afoga-se com o Werther no bolso; um aprendiz de sapateiro atira-se pela janela com o Werther no colete; em 1784, uma jovem inglesa suicida-se na sua cama e o Werther em cima do travesseiro, e o mesmo acontece mais tarde com Karl von Hosenhauser, em 1835.”

A razão, diga-se de passagem, não foi esquecida por Roland Topor nas suas 100 razões para eu me matar agora mesmo, um hit deste blog. Adiante, volto com outros casos de livros assassinos – ou quase. Sugestões são bem-vindas. Em tempo: o desenho acima é de Thomas Boguszewski.

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