Depois do fim de semana, Orkut, Facebook e a blogosfera carioca e paulista em geral estão lotados de comentários sobre o Radiohead – e com absoluta justiça, porque o show, ao menos em São Paulo, foi excepcional. Por isso não vou me alongar demais, até porque não sou dos mais habilitados para falar do assunto. Eu, como o grosso da patuleia, me guio mais pela memória afetiva do que por qualquer outra coisa em música. Daí que minhas avaliações nessa área seja um pouco diferentes das que faço em literatura, por exemplo; daí que meus gostos sejam, por vezes (e tirando o Radiohead), um tanto particulares. Para o bem e para o mal.
Essa dura verdade, contudo, não me impede de registrar um show que, econômico sem nenhuma pirotecnia, se sustentou na ótima qualidade do som, nos ótimos músicos e, mais que ótimo, num vocalista assombroso. No palco, Thom Yorke consegue ser tão preciso na interpretação quanto no estúdio, sem abrir mão de um pingo de vibração. Foi um show de música, não um espetáculo circense, coisa a que muita gente recorre em meio a desafinações. Não sou especialista, mas essa diferenciação eu sei fazer.
No que se refere à tal memória afetiva, foi legal rever os manequins do Kraftwerk. Eu os ouvia quando tinha coisa de 12, 13 anos. Los Hermanos, eu perdi. Como meus gostos são estranhos mesmo, não lamentei nem um pouco, a despeito do lobby agressivo de quem quis passar a impressão de que eles salvaram a lavoura da bilheteria. Como se eles fossem tão ou mais importantes que o Radiohead. Ou até melhores. Nessas horas – e apenas nessas horas –, prefiro não saber muito mesmo.